quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Síndrome do anel de contorno

O sr Claudio Brandão da PM deu uma entrevista verdadeira e reveladora, esta semana. Ao comentar sobre o sistema de monitoramento no centro de Feira, disse que só tinhamos 3 câmeras funcionando, uma escondida atrás de um pé de pau, e que o sistema era atrasado. Revelou que outras cidades, Conquista, por exemplo, já existem mais de 20 e que o sistema já é por rádio. Mas o revelador foi ele citar pelo menos umas dez entidades, empresas, que participam do projeto em parceria com a polícia, enquanto que em Feira ninguém colabora. E cobrou o envolvimento da comunidade

Fico impressionado como o sentimento de "pertença" não está incluso, universalmente, no feirense. Ele não se envolve no time da cidade, em iniciativas de melhoria cultural ou social, em ações deste tipo com a polícia, ou até...um jornal. Certo que há exceções, ações pontuais como a que Alfredo Falcão faz no CDL, Brito na Fundação Senhor dos Passos e, algumas pessoas, empresários, que fazem um grande trabalho social, mas, de modo geral são ações oriundas de uma dinâmica pessoal, ou respaldada pela igreja.

O que comentamos, entretanto, não é isto, mas a sensação geral que temos de que iniciativas coletivas, como a que o comandante da PM relata, são sempre mais fáceis de serem implantadas de forma coletiva em outras cidades do que entre nós. A cidade gira um grande capital e lojas que vocês nem pensam pela fachada, pelo estilo de armazém, às vezes, circulam valores que nem se imagina.

Apesar deste empresariado forte, de elevado poder de consumo, certos serviços mais elaborados, restaurantes de maior qualidade, teatros, apresentam enorme dificuldade de sobreviver, enquantoas lojas de carrões não tem do que reclamar. Posso compreender esta dificuldade porque são situações de interesse pessoal e não coletivo, mas, mesmo quando tratamos de questão que afeta a todos fico impressionado com o não envolvimento, o não retorno social deste capital acumulado, nesta cidade, por estas empresas. Ou mesmo por aqueles que faturam em agiotagem, e outras formas não convencionais/comerciais de lucro financeiro, não tentam contribuir coletivamente, pelo menos para dar um polimento consciente a este dinheiro.


Convivemos ainda com o traço de feirante disputando "preço a qualquer preço" e lucro, sem entendermos que somos uma coletividade que precisa se amar, precisa se orgulhar da cidade, contribuir para sua melhoria, para seu avanço, sua modernidade sem perder a sensação de pertença que todo humano deve ter com seu habitat.

A própria cidade em si precisa se " achar". Ela precisa querer ser uma liderança, ser um pólo regional. Ela tem de ter " ambição de ser". Exigir tratamento de prefeito, deputados, governadores, vereadores, compatível com este desejo e não se conformar com migalhas, quinquilharias, bugigangas, que não resgatam nossas necessidades.



Os empresários, os cidadãos, têm de sentir-se comprometidos com Feira e Feira tem representar-se de forma maior, e ser capaz de vencer a " síndrome do anel de contorno" que a limita, encarcera e reduz horizontes a saldos ilimitados sem desenvolvimento pessoal. Princesa sim, mas com exigências de rainha...

2 comentários:

  1. É verdade, uma cidade grande como Feira de Santana não se governa sozinho.
    Necessita-se do apoio popular.
    Mas existe uma coisa muito séria aqui, o cara fica na moita e somente pensando: " Ele vai se arrombar."
    A prova disso é que até um bar aqui só dura três meses.
    kkkkk....

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  2. Muito lúcido e pertinente o que leio em "Síndrome do anel de contorno". Parabéns. A grandeza de uma cidade se faz pela efetiva participação de todos. Pelo compromisso sublime de amá-la, sob qualquer circunstância. Quem nasce em Feira de Santana, tem que ter orgulho de ser feirense. Artur Renato Brito de Almeida.

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