quinta-feira, 23 de abril de 2009

Uma prosa às quintas - Profano

A Maja Desnuda - Goya
E, sobre tu, vou erigir meu templo. Sobre tua verdade e teu obsceno. Sobre teus pecados, tuas faltas, tuas falhas de humano. Celebrarei os tormentos da obra, tocando o que havia se tornado inacessível. Mas não terei oferendas, nem altares de agradecimentos, por lugares alcançados. Pois construirei sobre a pedra, sobre o raso, sobre o sertão com sua pele seca e vincada das lutas da resistência. Porque aqui o mistério da multiplicação é profano e ser e ter a palavra é uma condenação. E a vida não é justa e dói. Eu sei. Já vi as noites hélice, as noites sujas, as noites perdas. Porque carrego meu mundo nos ombros e não recebi a benção dos deuses. Assim erguerei o templo do escasso. Sobre tua pedra. Fêmea.

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