A Veja, em que pese seus pecados, traz algumas entrevistas interessantes. Esta semana é o ex-prefeito de N York, Giulliani, o criador do Tolerância Zero e que mudou a cidade. Mas, queria citar uma matéria sobre a violência nas escolas públicas, como limitante do ensino. Já falamos disto no blog, pacientes meus se queixam, e é um aspecto a ser considerado.
Em verdade, mesmo saindo desta violência física, vejo o ensino refém do aluno. No ensino privado, da mensalidade, no ensino público, da aprovação obrigatória. Na Universidade vivemos a tolerância máxima. Um aluno pode faltar 25% das aulas, ou seja, em 4 anos do curso médico, ele pode FALTAR UM. O ensino médico tem 6 anos, o mesmo periodo letivo de cem anos atrás, quando Flexner estabeleceu este padrão. Enquanto o conhecimento aumenta vertiginosamente nós podemos abrir mão de 1,25 anos? Fora os atrasos, as saídas antes do fim das aulas, etc...
O mito do espaço de formação estudantil, da Universidade como a Ágora grega, um centro de liberdade do pensamento, precisa ser mantido e respeitado, mas isso não significa abrir mão do papel formador, nem da autoridade ( sem o sentido pejorativo para não ser mal entendido) do professor. Hoje, os professores não se arriscam a cobrar postura, respeito, ou coisas similares, em sala. Limitam-se ao assunto. Ai de quem repreender um aluno. Será devorado nas instâncias administrativas, na mídia, nos Conselhos. Os dedos inquisidores o apontarão como um mau professor. E, se reprovar, a culpa também será dele que não soube ensinar. È claro que há exceções e limitações importantes na formação dos professores, e o ensino e formação precisam ouvir o aluno, mas não se pode inverter o fluxo de saberes.
Em relação ao tempo o jubilamento tornou-se inviável juridicamente. Um aluno pode levar dez , doze anos, para se formar e seu diploma terá validade igual a qualquer outro. Estamos sendo justos com quem? Ainda que alguns cursos possam não ser influenciados, como manter este aluno com informação atualizada? Em Medicina, por exemplo, onde se estima que 50% do conhecimento muda a cada dez anos?
De modo geral acaba-se tolerando, reintegrando o aluno, baseado em justificativas sociais, que o aluno lutou para entrar, que gastou tempo, que é bom para ele, que há um papel social da instituição, etc, etc. E a sociedade que recebe este produto? Numa reintegração, para ser social, sendo justo, não seria adequado garantir a repetição do curso, após certo período? Cinco anos, por exemplo? Ou não seria mais correto que a Universidade tivesse mecanismos REAIS de acompanhamento pedagógico, de saúde, sociais, EFETIVOS, que garantissem a viabilização, permanência e conclusão do curso deste aluno?
As avaliações no ensino médio, nas Olimpíadas, nos cursos que tem exame final, mostram que não estamos ensinando bem. Mas vamos continuar fingindo que sim...